Compartilhando maldade

Por Jonas Lewis

Sei que não haverá de cessar as infinitas e intragáveis manifestações lotadas de fotografias e convocações para que doemos, compartilhemos ou ajudemos. Todavia sinto a cabeça borbulhando e as mãos inquietas frente ao que aborrece não só a mim, mas a tantos outros que conheço e que utilizam a rede social para o que ela realmente deveria servir. E cá não estou para dizer-lhes como devem ministrar seus twitter’s ou facebook’s. Diferente disso, vim contar-lhes como estão valendo dessa ferramenta tão divertida, doentia e incerta.

Todos os dias encontro uma foto cruel. Mutilações, síndromes, anomalias, torturas, doenças, desgraças, imagens que jorram infelicidade, vicissitude e depressão. Compartilhar a crueldade, a desgraça, a feiúra, de alguém que não se conhece, ou mesmo de um íntimo, com o álibi de ser “bom”? A desculpa de ajudar compartilhando imagens? Seres agradecidos pela aparição de um veículo onde se possa publicar fotos de mutilados, sindrômicos, injustiçados e doentes. Isso é o que posso ver. Os que trabalham, os que dedicam-se, que fazem parte de sua vida a vida desses enfermos, condenados, aleijados e infelizes, esses sim, têm sua verdadeira “rede social”, e “compartilham”, “dividem” e dividem-se para que alguns com menos sorte possam viver dignamente.

Dirão eu sei, que muito já foi feito, via internet. Que muito já foi doado, que muito foi arrecadado, adotado, conseguido. Direi, mais uma vez. O que ocorre todos os dias em redes sociais é “maldade humana”. Nada mais do que isso. Cruzar um acidente na auto-estrada e ter a coceira de querer avistar o morto. Compartilhar é uma ótima palavra. Estão compartilhando suas desgraças, suas vidas aguadas, sua depressão, seus relacionamentos infernais ou o inferno de uma solidão silenciosa. Usam a desgraça alheia para aquietar a própria alma que pede solidariedade. Doam um pedaço de ferro a um pobre mendigo sem fome. É a maldade fantasiada num carnaval que já perdeu a graça, que não me anima há muito tempo. Mutilações, animais torturados, crueldade, crianças com doenças degenerativas, anomalias, tudo isso “compartilhado”! Que exemplo de civilidade! Que bondade trazemos no peito, sentados nas cadeiras de nossos escritórios, nos sofás de nossas casas ou em nossas camas inundadas de verdade. Pois quando dormindo, nos mexemos, de nossa pele caem todas as realidades que escondemos no facebook.

PC Siqueira: Fama e Sucesso

A primeira parte do vídeo tá valendo (dica: assistam até 6 minutos). Depois disso, já não era mais o que a gente queria postar… (na preguiça do corte, segue o aviso! kkkkk)

Ilha das Flores

1989

Música: (“Fantasia sobre O Guarani”, de Geraldo Flach, com Zé Flávio na guitarra)

Direção: Jorge Furtado

Produção Executiva: Monica Schmiedt, Giba Assis Brasil e Nora Goulart

Roteiro: Jorge Furtado

Direção de Fotografia: Roberto Henkin e Sérgio Amon

Direção de Arte: Fiapo Barth

Música: Geraldo Flach

Direção de Produção: Nora Goulart

Montagem: Giba Assis Brasil

Assistente de Direção: Ana Luiza Azevedo

Uma Produção da Casa de Cinema PoA

Elenco Principal:
Paulo José (Narração)
Ciça Reckziegel (Dona Anete)

A invenção da infância

Churrascaria – Rafinha Bastos

 

O que acontece quando um comediante resolve ir à uma churrascaria e fica sujeito às tentações da carne?

Come ou não come?

com Rafinha Bastos, Fernando Muylarert e Rodrigo Fernandes

Rafinha Bastos é um homem bom

Jonas Lewis

Pronto. A censura voltou. Dão pulos de alegria os órfãos da SNI, os resíduos de carrascos que assolam a possibilidade e a capacidade de um país engendrar sua arte. Obti a triste notícia de que nesta segunda-feira, o comediante Rafinha Bastos não estará, como de costume, na bancada do CQC, programa que apresenta junto a Marcelo Tas e Marco Luque. Não gosto de Stand-Up, apesar de certa vez ter ido ao show de Rafinha e conseguido rir sem parar. Não assisto ao CQC assíduamente, apesar de já ter arrumado motivos para me divertir com o programa. O que assusta e traz a certeza de estarmos vivendo como uma espécie de manequim estético que desfila na passarela, expondo tendências contraditórias e somando décadas que se entrelaçam fazendo terríveis estragos à mente humana, é que censuramos e caçamos práticas comuns e banais como compras de fim de mês.
O comediante Rafinha foi censurado por causa de seu trabalho. Por causa de sua arte. Ou melhor, por causa de uma piada. Uma frase. Pergunto-me a que valor moral estamos atribuindo criações. Não ando aqui em defesa de alguém. Ando em defesa de algo. Quero salvar a nudez do devaneio, a pureza do pensamento, e acima de tudo soltar aos ares talvez o clichê mais importante de todos os tempos, chamado liberdade. Não vou entrar em conceitualizações da filosofia e engodos acadêmicos, só almejo que os brucutus não continuem brucutus, e que consigam, por fim, apenas aceitar o que é a arte e o que é o humor. Não peço nem que compreendam pois seria demasiada complexidade. Humor é destruição. Arte é destruição. E mesmo que se construa, ou que o próprio corpo exale a beleza na forma mais pura e menos discutível, derstruímos a possibilidade da realidade, assassinamos o pragmatismo da existência carnal e partimos à metafísica pura. São regras burlando regras, que tão burláveis, podem inclusive voltar a ser o que eram, e não saírem do lugar, sendo o nada que sempre foram. O humor é ferramenta, conserto e o que se conserta. É perverso e ácido como o artista que destrói afim de construir outra vez. Sem a lágrima de um oponente qualquer, sem o sofrimento fingido de um ser ou de uma situação, não há humor, não há riso ou gargalhada.
Rafinha é um homem bom. Um artista virtuoso e destruidor. O talento se destacando no veículo que degrada a cada minuto a juventude e a infância de um país chamado Brasil. Fez uma piada com um bebê e uma menina grávida. Temas pontiagudos frente a uma sociedade de óculos. Palavras que causam o levantamento ético das sobrancelhas da censura pobre e agora, tão poderosa. Gravidez, menina e bebê. Nossos cérebros de um século XXI atolado em uma moral provisória baseada na culpa pelo que fizemos e pelo que faremos relaciona tudo isso com a pedofilia (condenação da moda), com o estupro, com a monstruosidade, com a doença humana. Sem querer esqueçemos, ou fingimos conscientes, que assistimos à novelas sub-humanas, expomos os pequenos à delitos absurdos e aturamos atos inconsequentes 24 horas por dia. E isso não é arte. E não tem graça nenhuma.

Lutas.doc – O que vem por aí?

Lutas.doc faz uma reflexão profunda sobre a história da sociedade brasileira e o papel da violência na formação do povo. Dirigido por Luiz Bolognesi e Daniel Augusto, o documentário tem um ritmo dinâmico e utiliza recursos de animação, trechos de filmes, informação, entrevistas e análise. Os cinco episódios combinam densidade de reflexão com linguagem acessível, uma atração especial para o público jovem.

Grandes pensadores brasileiros, personalidades da política e da cultura do país, além de outros cidadãos, abordam várias facetas da violência no Brasil. Os depoimentos são intercalados por desenho animado. Essa animação é fruto do trabalho diário de uma equipe de 60 profissionais e levou três anos para ser produzido. Com um olhar crítico e ousado, duas dezenas de entrevistados passam em revista a história da sociedade brasileira. Entre eles, os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e  Fernando Henrique Cardoso.

Lutas.doc – Heroína sem Estátua

A luta das mulheres pela igualdade de direitos na sociedade brasileira é o tema desse capítulo

Heroína sem Estátua é o quarto episódio da série Lutas.doc. A luta das mulheres pela igualdade de direitos na sociedade brasileira é o tema desse capítulo. “A evolução das mulheres anda a passos largos”, afirma o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um dos entrevistados do programa. Mas nem sempre foi assim. Lutas.doc analisa as batalhas femininas para alcançar conquistas como o direito ao voto, sua inserção na política e no mercado de trabalho.

Na avaliação do historiador Pedro Puntoni, toda revolução histórica é marcada por conflitos e, no caso da questão feminina, o papel da rebelião foi fundamental nesse processo.“A rebeldia transforma a história”, analisa. Ele conclui que, na política, o brasileiro ainda é muito conservador e a visão machista perdura nas grandes decisões. A professora de filosofia da USP, Olgária Matos, também opina sobre o assunto e declara que na política o que vence a eleição é o marketing eleitoral e não os bons projetos. “A política se converteu em prestação de serviços”, comenta Olgária.

Mesmo com todo o avanço das mulheres, a série constata que apenas 9% das prefeituras brasileiras são ocupadas por elas. Outro índice que ainda é um diferencial são os salários: 40% menor do que os dos homens que ocupam a mesma função. Uma das representantes da mulher na política, a senadora Marina Silva (PV-AC) reconhece o rápido aprendizado das mulheres com os homens. E garante que “se os homens não aprenderem com elas terão um grande prejuízo”.

Entre pensadores, políticos e representantes dos movimentos sociais que participam do programa estão o historiador Pedro Puntoni, o psicanalista Contardo Calligaris, a sub-prefeita da Lapa em São Paulo, Soninha Francine; o escritor Ferrez, a professora de filosofia- USP, Olgária Matos; o líder do MST, João Pedro Stédile, a professora Esther Hamburger, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a senadora Marina Silva, a filosófa e apresentadora Márcia Tiburi e a jornalista e ex-moradora de rua Esmeralda Oritiz.

Lutas.Doc é uma parceria da TV Brasil com a Gullane e Buriti Filmes.

Roteiro e Direção Daniel Augusto e Luiz Bolognesi

Produção Caio Gullane, Fabiano Gullane, Laís Bodanzky e Renata Galvão

Lutas.doc – Fábrica de verdades

Terceiro episódio da série Lutas.doc

O programa vai aborda a importância da mídia e da teledramaturgia para a sociedade brasileira. O papel da televisão está entre os temas da discussão feita com pensadores, políticos e representantes de movimentos sociais.”Se você imagina que são as novelas que fazem a educação do brasileiro… É uma inversão de princípio e de realidade. Impressionante”, diz a professora de filosofia, Olgária Matos.

Com a mesma preocupação, a filósofa Marcia Tiburi ressalta que o telespectador tem de ser ajudado. “É uma função pedagógica que deveria estar embutida nos meios de comunicação”, afirma. “Isso é uma coisa tão assustadora. Quem não aprende a ler, não aprende a pensar discursivamente. E quem não aprende a pensar discursivamente, não aprende nem a ouvir nem a falar. Como nós poderíamos constituir uma democracia sem o aprendizado da conversação?”, indaga a filósofa.

“Estamos em um país em que as pessoas não são alfabetizadas”, diz o escritor Ferrez. Da mesma opinião, o jornalista Gilberto Dimenstein constata: ” Em São Paulo, se você pega as pessoas formadas no ensino médio, 5% apenas têm conhecimento adequado para ler e escrever. Lamento, eu não consigo ver violência maior do que uma pessoa chegar ao final da sua adolescência e não saber ler nem escrever. Não consigo ver quantas violências são maiores do que essa. Mas ninguém liga. E não causa comoção, não causa nenhum escândalo, não causa uma indignação nacional”.

Além de depoimentos de pensadores brasileiros e imagens de animação, Fábrica de Verdades apresenta cenas dos filmes Cidade dos Homens, de Paulo Morelli, e Quase Dois Irmãos, de Lucia Murat.

Participam deste episódio a filósofa Marcia Tiburi; a professora de filosofia Olgária Matos; a professora de comunicação Esther Hamburger; o jornalista Gilberto Dimenstein; o pensador José Júnior, do AffroReggae; os historiadores Pedro Puntoni e Leandro Karnal; a sub-prefeita da Lapa em São Paulo, Soninha Francine; o escritor Ferrez; o líder do MST, João Pedro Stédile; o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso; e Lisa Gunn, do Instituto de Defesa do Consumidor.

Lutas.Doc é uma parceria da TV Brasil com a Gullane e Buriti Filmes.

Roteiro e Direção Daniel Augusto e Luiz Bolognesi

Produção Caio Gullane, Fabiano Gullane, Laís Bodansky e Renata Galvão.

Mais em: http://tvbrasil.org.br/lutasdoc/

 

Lutas.doc – Recursos Humanos

Um paralelo entre as vítimas das guerras brasileiras e o uso da mão de obra

“O Brasil não pode ser entendido sem a compreensão da escravidão”, diz a professora Laura de Mello e Souza, em entrevista ao segundo episódio da série Lutas. Doc.  Recursos Humanos enfoca como era a vida dos escravos no Brasil e como eles foram tratados pelas outras classes sociais. Os escravos foram libertados no país em 1888.

Muitos historiadores notáveis, economistas e, até dois ex-presidentes, falam sobre a escravidão que teve efeitos sobre a história do Brasil. O ex-presidente Lula discute como a elite do Nordeste queria libertar os escravos em 1817, na Revolução  Pernambucana. Mas,  muitos setores das classes superiores opuseram porque temiam que os escravos se revoltassem.

“Nunca houve uma preparação intelectual dos escravos no Brasil, como aconteceu nos Estados Unidos com a Guerra Civil”, observa o historiador Eduardo Gianetti. “Levamos mais de um século para integrar escravos na força de trabalho, mas não devemos ser orgulhosos, devemos ter vergonha.”

Na tela da TV Brasil, uma reflexão que traça o paralelo entre as vítimas das guerras brasileiras e o uso da mão de obra. Os entrevistados questionam também quem é a elite brasileira e como se dá, e ainda se existe democracia racial no país.Alguns destacam os fenômenos que produziram a escravidão como um “negócio” e seus reflexos na atualidade. Analisam e refletem sobre como mecanismos sofisticados que mantêm dezenas de milhões de trabalhadores como reserva de mão de obra barata ao longo dos séculos.

  Para chegar ao significado de “trabalho”, os depoimentos costuram hipóteses para compreender como funciona o aparelho ideológico que legitima a vida de trabalhadores que ontem estavam em navios negreiros e aldeamentos jesuítas, mas hoje aceitam trafegar em ônibus lotados do trabalho às moradias em bairros de periferia das cidades. Comentam a eficiência dos discursos que, ao transformar escravos em “recursos humanos”, reduz o impacto da linguagem e legitima a realidade, diminuindo a percepção de violência.

 Além do sociólogo Luis Mir, falam neste programa, o psicanalista Contardo Calligaris, o economistaEduardo Giannetti, a professora de filosofia Olgária Matos, o jornalista Gilberto Dimenstein, o pensador José Júnior, do AffroReggae; os historiadores John MonteiroPedro Puntoni e Laura de Mello e Souza, a vereadora Soninha, a escritora e ex-moradora de rua Esmeralda Ortiz, a ex-senadora Marina Silva, além dos ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso.

Você não vai querer perder este episódio que mostra um olhar honesto da história brasileira e como as classes sociais e a escravidão  têm interagido ao longo dos anos para moldar o Brasil no país que é hoje.

Mais em: http://tvbrasil.org.br/lutasdoc/noticias/

Lutas.doc – Guerra sem fim?

A série Lutas.doc, que faz uma reflexão profunda sobre a história da sociedade brasileira e o papel da violência na formação do povo. Dirigido por Luiz Bolognesi e Daniel Augusto, o documentário tem um ritmo dinâmico e utiliza recursos de animação, trechos de filmes, informação, entrevistas e análise. Os cinco episódios combinam densidade de reflexão com linguagem acessível, uma atração especial para o público jovem.

Grandes pensadores brasileiros, personalidades da política e da cultura do país, além de outros cidadãos, abordam várias facetas da violência no Brasil. Os depoimentos são intercalados por desenho animado. Essa animação é fruto do trabalho diário de uma equipe de 60 profissionais e levou três anos para ser produzido. Com um olhar crítico e ousado, duas dezenas de entrevistados passam em revista a história da sociedade brasileira. Entre eles, os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e  Fernando Henrique Cardoso.

Os diretores da série propõem um grande debate e tentam contar a história do Brasil que não se aprende nas escolas.

Guerra sem fim – Este primeiro episódio mostra a história da violência no Brasil, a presença da luta desde antes da chegada dos colonizadores, ou seja, é uma constante na história nacional.. Mesmo antes da chegada dos europeus, as nações indígenas tinham a guerra no centro de suas culturas. São enfocados conflitos pouco conhecidos, massacres, e revistos fatos históricos à luz de um olhar crítico, que questiona a história oficial com argumentos e insights.

O mito e o senso comum, segundo o qual o brasileiro é um homem cordial, está no debate, bem como a tese de que o país é um paraíso pacífico e abençoado por Deus. São entrevistados neste episódio: os ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso, a ex-senadora Marina Silva, o escritor Ferréz, índios Guarani-Kaiowá, o jornalista Gilberto Dimenstein, o líder do MST João Pedro Stédile, os historiadores John Monteiro, Laura de Mello e Souza, Pedro Puntoni e Leandro Karnal, o sociólogo Luis Mir e a filósofa Márcia Tiburi.

Lutas. Doc é uma produção da Gullane e da Buriti Filmes.

Mais informações em: http://tvbrasil.org.br/lutasdoc/noticias/

11 de setembro

Outras cenas. Outros atores. Outro ano. Mesmo dia.

Notícias de uma guerra particular

Notícias de uma guerra particular. Documentário de João Moreira Sales, 1999.

O documentário retrata o cotidiano dos traficantes e moradores da favela Santa Marta, no Rio de Janeiro. Resultado de dois anos (1997 – 1998) de entrevistas com pessoas ligadas diretamente ao trafico de entorpecentes, com moradores que vislumbram esta rotina de perto e policiais, o documentário traça um paralelo entre as falas de moradores, dos traficantes e da polícia, colocando todos no mesmo patamar de envolvimento em uma guerra que não é uma “guerra civil”, mas uma “guerra particular”.

Semana Nacional da Pessoa com Deficiência

 

Manifesto Free Tonho Crocco

Por Jonas Lewis

Será que o trecho da canção de Jorge Ben foi uma grande ironia, ou podemos ainda considerá-lo um esperançoso quanto à evolução da humanidade?

 “Eu tenho fé, amor e a fé no século XXI, onde as conquistas científicas, espaciais, medicinais, e a confraternização dos povos, e a humildade de um rei serão as armas da vitória para paz universal! União! Todo mundo vai ouvir, todo mundo vai saber!”

Quando deparamo-nos com tamanha incapacidade de compreender a liberdade, quando os reis parecem não enxergar nada a mais do que seu próprio ouro e quando a arte, máquina primordial da confraternização dos povos, é tratada com mesquinharia e pequenez, andamos a passos largos para trás e anulamos, neutralizamos, tiramos de nós mesmos tantas evoluções científicas, medicinais e espaciais. Somos computadores e descobertas, foguetes e infinitas possibilidades de resolução. Televisões menores, celulares inimagináveis e acessórios que mudam a capacidade do ser-humano de relacionar-se.

O medo que carrego, e que sempre andará comigo, é o de que esqueçamos de nossos direitos. Lembramos o suficiente dos deveres e hoje, nosso formigueiro funciona como nunca. Pois temos a arte, e com ela nunca seremos monótonos e insossos. Com a poesia transformamos a rua onde moramos em um reino encantado por onde cantam pássaros que ainda não existem. A música exala a filosofia de nossas almas, sem que elas propriamente saibam que estavam a filosofar, disse Schopenhauer em um de seus estudos sobre a bela arte. Os filmes, a dança, os martelos esculpindo, tudo é tão necessário para que vivamos em paz com nossa própria existência.

Há tempos nem tão longínquos, muitos tentaram e conseguiram calar os que faziam arte. Analisaram suas intenções, desbravaram sem sucesso suas almas infinitas e cometeram absolutas injustiças contra músicos, poetas, humoristas, escritores, e tantos outros que em sua atividade diária produziam algum tipo de manifestação artística. Hoje, evoluídos, enxergamos com desprezo o que fizeram com esses artistas. Não podemos entender o por que, se suas obras eram tão verdadeiras quanto o raiar do sol. Falavam do dia, da noite, das universidades, da política, da corrupção, das guerras, das irracionais matanças dos inocentes.

Pois bem, por entre evoluções e computadores, celulares e concepções inimagináveis de onde o cérebro humano poderia chegar, estão querendo permitir a volta de algo chamado CENSURA. De leve percebo movimentos coibindo o artista de rua, demitindo o escritor honesto, e agora processando o músico e poeta e combatente. Sejamos evoluídos, pois então! Não deixemos com que os que reis do ouro e da cobiça calem a voz necessária da poesia! Não nos ceguemos e não nos entreguemos ao poder imaginário do nobre traje da corte, querendo nossas cabeças por somente querer fazer o que eles não sabem e não saberão fazer: a ARTE. A verdadeira arte livre. Pois não há arte sem liberdade e não há vida sem arte. A censura é absurda e não se pode permitir que nem um risco de sua mancha dolorida e insuportável volte a assolar nossas vidas. Queremos pensar o que pensamos, e não o que podemos!

Os postes mijando nos cachorros

O músico Tonho Crocco está sendo processado, por intermédio de uma ação no Ministério Público, por causa da música Gangue da Matriz. Gravada em dezembro de 2010, a canção é um protesto contra o aumento de 73% nos salários que os deputados estaduais gaúchos se concederam na época.

Sobre uma base eletrônica, Crocco faz um rap onde cita o nome dos 36 parlamentares que votaram a favor do projeto de lei que reajustou de R$ 11.564,76 para R$ 20.042,34 os vencimentos do parlamentares.

A representação é assinada pelo deputado federal Giovani Cherini (PDT), presidente da Assembleia Legislativa na época em que o reajuste foi aprovado.

Fonte: http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=2&local=18&section=Segundo+Caderno&newsID=a3429426.xml

Manifesto do Tonho Crocco no blog do cara: http://www.tonhocrocco.com/novo/index.php?main=blog_view&id=15

Hipocrisia pouca é bobagem!

Nada como a câmera para nos tornar politicamente corretos.

CQC – Bandeirantes

Os dois lados da moeda – Rafinha Bastos

Exibido dia 01 de agosto de 2011


 

Jogo da Vida ou Seu bode comeu orquídeas premiadas. Pague $ 3.000

Já que o tempo é de se reler, publico de novo este texto – de tanto que gosto. Não me canso de ler. Espero que vocês apreciem (sem moderação!) tanto quanto eu!

Juliana Schneider Guterres

DENTRO SEM FORA

A vida está

dentro da vida

em si mesma circunscrita

sem saída.

Nenhum riso

nem soluço

rompe

a barreira de barulhos.

A vazão

é para o nada.

Por conseguinte

não vaza[1]

Quarta-feira. Nossa sessão começa sempre por volta das três da tarde. Sol. Chuva. Tem dias que faz frio, noutros o calor é escaldante. Passam-se dias, semanas, meses, mas o jogo é sempre o mesmo. O Jogo da Vida. O ritual tampouco muda. Ele entra na sala, senta-se calado. Pergunto como ele está. Silêncio. Como foi a semana. Silêncio. (Às vezes tenho vontade de parar de perguntar.) Passam-se alguns minutos, ele me olha e diz “vamos jogar. O jogo, aquele”. Vai até o armário, pega a caixa. Sentamos no chão. Abrimos a caixa, montamos o tabuleiro, distribuímos as notas coloridas de dinheiro, escolhemos a cor dos nossos carros e aconchegamos neles nossos eus-bonecos – segundo as instruções do jogo, bonecos rosa são para meninas, azuis para meninos. Quem tira o número mais alto na roleta, começa o jogo e parte para gerir sua vida, agora estampada (e capturada) naquele tabuleiro.

De início só se abrem duas possibilidades: fazer faculdade ou não fazer. Se fizer, a sorte vai dizer se você será médico, advogado, engenheiro, artista, professor ou terá somente um diploma universitário. O salário varia de acordo com a profissão. Se não fizer, não fez. O caminho é mais curto, assim como o salário. Daí em diante, todas as vezes em que passar pela casa “Dia do pagamento” você receberá seu salário. Mas muita atenção! Você perderá o salário se esquecer de recebê-lo antes que o próximo jogador gire a roleta.

Nas rodadas seguintes, o dia do casamento (receba os presentes!). Parada obrigatória. Todo mundo é obrigado a casar? No jogo da vida, sim. E até que a morte ou o fim do jogo os separe, porque, mesmo que procure em todo o tabuleiro, você nunca encontrará a casa “Divórcio. Pague $ 30.000”. Assim, o mesmo cônjuge-boneco e um punhado de filhos-bonecos (receba os presentes!) – que, fatalmente, você terá – te acompanharão até as últimas casas. (Lembrando, papai-boneco e mamãe-boneco sentados na frente do carro, azul e rosa, respectivamente, sem possibilidade de alteração. Filhos-bonecos no banco de trás. Bicolores, azul para meninos, rosa para meninas, mais uma vez, nenhuma possibilidade de alteração – nem da cor, nem da estrutura familiar.) No final do jogo, cada filho-criança-boneco será trocado por $ 48.000. E o cônjuge-boneco? Este não lhe serve mais pra nada. Talvez vocês possam se encontrar em uma próxima partida.

Segue o jogo. “Você precisa de dentadura. Pague $ 2.000”. “Herança. Receba $ 30.000”. Quem morreu? O jogo não menciona, mas há se ser parente próximo. Aceite, assim você poderá pagar ao dentista pela dentadura. “Seu iate bateu em um icebergue. Venda cubos de gelo e receba $ 10.000”. “Seu bode comeu orquídeas premiadas. Pague $ 3.000”. Bode?! “Ganhou Prêmio Nobel. Receba $ 120.000”. “Ganhou reality show! Receba $ 200.000”. Quanta versatilidade!

Mais rodadas. “Titia deixou 50 gatos. Pague $ 20.000 para os cuidados”. “Ajude a Arara Azul a não entrar em extinção. Pague $ 220.000”. “Comprou 2 cavalos. Pague $ 60.000”. A bicharada levou todo nosso dinheiro.

E a roleta segue girando, trazendo nossa recuperação. “Achou tesouro antigo no quintal. Receba $ 24.000”. “Descobriu Atlântida enquanto fazia pesca submarina. Receba $ 12.000”. “Achou obra de arte! Receba R$ 120.000”.

Quem ganha o jogo da vida? Segundo o manual de instruções, se ninguém se tornar magnata, o jogo termina quando o último jogador for à falência ou se tornar um milionário. Todos os jogadores, então, contam seu dinheiro, quem tiver mais, vence. Simples assim.

Ou não.

E se você não fosse milionário? E se tampouco fosse à falência? E se você não quisesse balizar sua vida pelo saldo da sua conta bancária? E se as meninas passassem a usar azul, resolvessem não se casar? E se os meninos quisessem namorar outros meninos? E se passássemos a andar a pé? E se algumas crianças não tivessem família? E se algumas famílias não tivessem criança? E se não existissem famílias? E se existisse vida para além do tabuleiro?

Sigo sem entender o bode. Assim como a vida capturada em um tabuleiro.

Jogo da vida, vidas em jogo. A vida, no jogo, não vaza.


[1] GULLAR, Ferreira. Toda poesia Toda poesia (1950-1999). 18ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2009. p. 393.

Eduardo Marinho

Eduardo Marinho, artista de rua, Rio de Janeiro. Mais em: http://observareabsorver.blogspot.com/

O dia em que o SUS visitou o cidadão

 

História contada em forma de cordel que fala sobre os direitos do cidadão na rede SUS. O vídeo faz parte da Política Nacional de Humanização do Ministério da Saúde, intitulado Humaniza SUS. Essa Política busca colocar em prática os princípios do SUS no cotidiano dos serviços de saúde. O Into realiza projetos e pauta suas ações baseado no conceito de humanização.

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