Meu corpo podia ser o de qualquer uma,
conta a história de todo mundo
mesmo que a minha doa mais fundo
Odeio esse corpo. É sério.
Ele prende, limita, cansa
sem pedir, te deixa sem esperança.
Voo alto, olho pra baixo
pro meu corpo cansado e marcado
e sonho um sonho desesperado.
Sonho que arranco a genitália,
pinto a pele com corais,
multiplico as cordas vocais,
as unhas dos pés,
a paciência,
quem sabe até removo a tal decência.
Odeio tudo nele que me denuncia,
que não me deixa fazer parte da turma.
Ah, meu corpo podia ser de qualquer uma.
Poema de Janaína Bordignon