Criolo – voz
Daniel Ganjaman – arranjo de cordas, teclados e guitarra
Marcelo Cabral — arranjo de cordas, baixo e guitarra
Samuel Fraga – bateria
Renato Rossi- viola
Luiz Gustavo Nascimento – violino
Produzido por Daniel Ganjaman e Marcelo Cabral.
Gravado e Mixado por Daniel Ganjaman no estúdio El Rocha.
Masterizado no estúdio El Rocha por Fernando Sanches
Uma homenagem a todos aqueles que trampam diariamente em cima de uma moto. O risco, a realidade e a intenção da verdade fazem do som uma tentativa de hino. A doença humana, a pressa, o tempo desafiando a vida.
Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar a criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior?
E deixe os Portugais morrerem à míngua
“Minha pátria é minha língua”
Fala Mangueira! Fala!
Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode esta língua?
Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas
E o falso inglês relax dos surfistas
Sejamos imperialistas! Cadê? Sejamos imperialistas!
Vamos na velô da dicção choo-choo de Carmem Miranda
E que o Chico Buarque de Holanda nos resgate
E – xeque-mate – explique-nos Luanda
Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo
Sejamos o lobo do lobo do homem
Lobo do lobo do lobo do homem
Adoro nomes
Nomes em ã
De coisas como rã e ímã
Ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã
Nomes de nomes
Como Scarlet Moon de Chevalier, Glauco Mattoso e Arrigo Barnabé
e Maria da Fé
Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode esta língua?
Se você tem uma idéia incrível é melhor fazer uma canção
Está provado que só é possível filosofar em alemão
Blitz quer dizer corisco
Hollywood quer dizer Azevedo
E o Recôncavo, e o Recôncavo, e o Recôncavo meu medo
A língua é minha pátria
E eu não tenho pátria, tenho mátria
E quero frátria
Poesia concreta, prosa caótica
Ótica futura
Samba-rap, chic-left com banana
(- Será que ele está no Pão de Açúcar?
– Tá craude brô
– Você e tu
– Lhe amo
– Qué queu te faço, nego?
– Bote ligeiro!
– Ma’de brinquinho, Ricardo!? Teu tio vai ficar desesperado!
– Ó Tavinho, põe camisola pra dentro, assim mais pareces um espantalho!
– I like to spend some time in Mozambique
– Arigatô, arigatô!)
Nós canto-falamos como quem inveja negros
Que sofrem horrores no Gueto do Harlem
Livros, discos, vídeos à mancheia
E deixa que digam, que pensem, que falem.
E se antes, um pedaço de maçã
Hoje quero a fruta inteira
E da fruta tiro a polpa… da puta tiro a roupa
Da luta não me retiro
Me atiro do alto e que me atirem no peito
Da luta não me retiro…
gravado em plano sequência de áudio e vídeo em rio negro_pr no dia 6 de fevereiro de 2011.
terceiro de de três.
Vinícius Nisi . concepção e direção
. fotografia
Andre Chesini (câmera)
André Senna
Rosano Mauro Jr.
Ana Larousse . locação
Débora Vecchi . figurino
João Caserta . captação . mixagem
Nathalia Okimoto . colorização
. a banda mais bonita da cidade
uyara torrente . canto
vinícius nisi . violão . teclado . piano infantil
rodrigo lemos . ukulele . guitarra
diego plaça . violão . baixo
luís bourscheidt . percussão . bateria
. e participações de Leo Fressato, Kelly Eshima, Luiz Pires, Jomar Lima, Debora Vecchi, Tatiana Dias, Diego Perin, Thiago Chaves, Débora Opolski, Bernardo Rocha, Ana Larousse, Jaqueline Lira, Rubia Romani, João Caserta, Alexandre Rogoski e Ligia Oliveira
O que será que me dá
que me bole por dentro, será que me dá
que brota à flor da pele, será que me dá
e que me sobe às faces e me faz corar
e que me salta aos olhos a me atraiçoar
e que me aperta o peito e me faz confessar
o que não tem mais jeito de dissimular
e que nem é direito ninguém recusar
e que me faz mendigo, me faz suplicar
o que não tem medida, nem nunca terá
o que não tem remédio, nem nunca terá
o que não tem receita
O que será que será
que dá dentro da gente e que não devia
que desacata a gente, que é revelia
que é feito uma aguardente que não sacia
que é feito estar doente de uma folia
que nem dez mandamentos vão conciliar
nem todos os ungüentos vão aliviar
nem todos os quebrantos, toda alquimia
que nem todos os santos, será que será
o que não tem descanso, nem nunca terá
o que não tem cansaço, nem nunca terá
o que não tem limite
O que será que me dá
que me queima por dentro, será que me dá
que me perturba o sono, será que me dá
que todos os tremores me vêm agitar
que todos os ardores me vêm atiçar
que todos os suores me vêm encharcar
que todos os meus nervos estão a rogar
que todos os meus órgãos estão a clamar
e uma aflição medonha me faz implorar
o que não tem vergonha, nem nunca terá
o que não tem governo, nem nunca terá
o que não tem juízo
Grifamos de negro o que nos bate mais forte ouvindo essa música, contemplando essa mulher, LA NEGRA. Faça seus grifos, dê seus gritos. Aposte no movimento!
Trecho de abertura do documentário Mercedes Sosa: como un pájaro libre.
La Maza
Si no creyera en la locura
De la garganta del sinzonte
Si no creyera que en el monte
Se esconde el trigo y la pavura
Si no creyera en la balanza
En la razón del equilibrio
Si no creyera en el delirio
Si no creyera en la esperanza
Si no creyera en lo que agencio
Si no creyera en mi camino
Si no creyera en mi sonido
Si no creyera en mi silencio
¿Qué cosa fuera, qué cosa fuera la maza sin cantera?
Un amasijo hecho de cuerdas y tendones
Un revoltijo de carne con madera
Un instrumento sin mejores pretenciones
De lucecitas montadas para escena
¿Qué cosa fuera, corazón, qué cosa fuera
¿Qué cosa fuera la maza sin cantera
Un testaferro del traidor de los aplausos
Un servidor de pasado en copa nueva
Un eternizador de dioses del ocaso
Júbilo hervido con trapo y lentejuela
¿Qué cosa fuera, corazón, qué cosa fuera?
¿Qué cosa fuera la maza sin cantera?
¿Qué cosa fuera, corazón, qué cosa fuera?
¿Qué cosa fuera la maza sin cantera?
Si no creyera en lo más duro
Si no creyera en el deseo
Si no creyera en lo que creo
Si no creyera en algo puro
Si no creyera en cada herida
Si no creyera en lo que rondé
Si no creyera en lo que esconde
Hacerse hermano de la vida
Si no creyera en quién me escucha
Si no creyera en lo que duele
Si no creyera en lo que quede
Si no creyera en lo que lucha
¿Qué cosa fuera, qué cosa fuera la maza sin cantera?